sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Aula 08 – NAUM – O LIMITE DA TOLERÂNCIA

4º Trimestre_2012 -  Texto Básico: Naum 1:1-3,9-14
 
“O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente...” (Na 1:3).
INTRODUÇÃO

Naum profetizou a destruição de Nínive, capital da Assíria e maior cidade do mundo naqueles dias. A profecia de Naum complementa o livro de Jonas, no qual lemos que o povo de Nínive se arrependeu. Contudo, na época de Naum, os assírios voltaram a praticar as antigas perversidades e, portanto, atraíram sobre si a ira divina.

Enquanto no livro de Jonas vemos o agir da misericórdia de Deus para com aqueles que se arrependem de seus erros, em Naum vemos o agir de Deus contra o ser humano que extrapola os limites estabelecidos por Ele. Deus concedera aos ninivitas uma chance para se arrepender, o que fizeram depois de ouvir a mensagem profética. Porém, retornaram aos seus pecados e suas consequências trouxeram-lhes a destruição. Há um limite para as pessoas, cidades e nações após o qual não existe retorno; a Assíria ultrapassou este ponto.

Naum significa "consolação". Quando ele profetizou para Judá, o Reino do Norte (Israel) já tinha sido levado cativo pelos assírios. Sua profecia é para Nínive, a nação que décadas antes foi visitada por Jonas, que a advertiu de seus pecados e do iminente juízo divino. Desta vez, Deus usa Naum para informar-nos que os anos de brutalidade dos assírios chegará ao fim.

A paciência de Deus nunca deve ser erroneamente interpretada como fraqueza. O pecado coletivo ou individual não ficará impune. Definitivamente, Deus decreta todos os eventos da história. Naum anunciou a destruição iminente de Nínive como o justo castigo de Deus.

I. O LIVRO DE NAUM


O Livro de Naum é uma clássica repreensão ao militarismo cruel e desenfreado dos assírios contra os inimigos. Antigos registros assírios de suas vitórias militares exaltam a forma em que penduravam as peles dos inimigos sobre tendas e muros. Quer se tratasse de prática comum, quer não, o fato revela a mentalidade desse povo cruel. Além disso, desprezavam o Deus de Israel, o Senhor que controla todas as coisas.

1. Contexto histórico. Naum profetizou antes da queda de Nínive em 612 a.C. O texto, Naum 3:8-10, refere-se à queda de “Nô” ou “Nô-Amom” (isto é, a cidade egípcia de Tebas) como evento passado, ocorrido em 663 a.C, provavelmente por volta desta última data, durante a reforma promovida pelo rei Josias (cerca de 630 – 620 a.C). O rei assírio, Assurbanipal, foi quem destruiu a cidade egípcia de “Nô”.

O livro de Naum nos fornece uma chave importante para a compreensão da história passada, presente e futura. Os acontecimentos não se sucedem como mero acaso, mas cada detalhe da história é determinado pela vontade, propósito e poder de Deus. Nos textos, Naum 1:2-8 e especialmente Naum 1:2-3, aprendemos que o governo divino da história está de acordo com o caráter de Deus da aliança. Por toda parte e individualmente, ele exige submissão exclusiva. A rejeição de Deus e de sua lei levam não apenas às consequências necessárias do caos na sociedade e na natureza, mas também inevitavelmente provoca seu desagrado pessoal, resultando na justa retribuição. Naum trata da retribuição divina aos feitos dos assírios e suas maldades. Deus julgou seu povo por causa de seus pecados, mas também julgaria seus opressores por suas maldades e atrocidades.

a) Origem do profeta. Naum faz parte daquele grupo de profetas que não apresentam uma biografia. Nada se sabe a respeito de Naum, a não ser que era proveniente de Elcós (Na 1:1). Contudo, Elcós ainda não pôde ser definitivamente identificada. A tradição identifica-a com Al-kush,na Assíria, cerca de 80 km ao norte de Mossul e declara que, quando Naum nasceu, os seus pais se encontravam no exílio. Outros consideram que a cidade natal de Naum era Elcesi, na Galiléia. A tentativa de ligar Naum à Galiléia poderá ter origem no fato de a cidade de Cafarnaum, que significa “aldeia de Naum”, se situar na Galiléia.

b) Nínive. A história de Nínive é resumida por Naum na seguinte frase: “Cidade de Derramamento de Sangue” ou “Cidade ensanguentada”  (Na 3:1). Os assírios estavam entre os povos mais cruéis da história. As crônicas de Assurbanipal II (885-860 a.C.) narram suas próprias atrocidades:

·   “Esfolei todos os homens importantes (da cidade de Suru) que tinham se revoltado, e revesti o pilar com a pele deles; alguns eu emparedei no pilar, outros empalei no pilar em estacas e uns prendi com estacas em volta do pilar; muitos, já na fronteira de minha terra, esfolei e estendi a pele pelos  muros; e cortei os membros dos oficiais, dos oficiais do rei, que tinham se rebelado. Levei Aiababa para Nínive. [...] No meio da grande montanha, matei-os, com o sangue tingi de vermelho a montanha, que ficou como lã vermelha, e com o que restou deles manchei as valas e precipícios das montanhas”.

É por isso que Naum disse que Nínive era “cidade ensanguentada”. Esta cidade ficou gravada na consciência das pessoas quase unicamente por estar ligada a assassinato, sangue, repressão, violação dos fracos, guerra e terror de toda sorte. Nínive era a capital da raça de homens provavelmente mais imorais, ferozes e diabolicamente atrozes que já existiram no mundo inteiro.

Ninive ficava localizada no lado oriental do rio Tigre, em frente à moderna povoação de Mossul, no norte do Iraque. Era altamente fortificada por muralhas e fossos e era a capital do Império Assírio na parte final de sua história. Contudo, a origem da cidade remonta aos dias de Ninrode, o “poderoso caçador em oposição a Jeová. . . . [Ninrode] saiu para a Assíria e pôs-se a construir Nínive” (Gn 10:9-11). Portanto, Nínive teve um mau começo. Ficou especialmente famosa durante os reinados de Sargão, Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal, no período final do Império Assírio. Por meio de guerras e conquistas, enriqueceu-se com despojos e ficou famosa por causa do tratamento cruel e desumano que seus governantes infligiam à multidão de cativos.

Os ninivitas adoravam um grande panteão de deuses, muitos dos quais importados de Babilônia. Seus governantes invocavam esses deuses quando saíam para destruir e exterminar, e seus gananciosos sacerdotes estimulavam suas campanhas de conquista, aguardando rica retribuição dos despojos. Guerrear era a principal ocupação dessa nação, e os sacerdotes eram fomentadores incessantes da guerra; eram sustentados principalmente pelos despojos das conquistas, dos quais uma porcentagem fixa era invariavelmente destinada a eles, antes de outros partilharem deles, pois esta raça de saqueadores era extremamente religiosa.

No auge de sua prosperidade, Nínive era cercada por um muro interior com cerca de 12 quilômetros de circuito, onde, de conformidade com pesquisas feitas, mais de 175 mil pessoas poderiam ter vivido. Segundo relato do profeta Jonas (Jn 1:2; 3:2), a população da “grande cidade” teria cerca de 120 mil pessoas, que não sabiam a diferença entre o certo e o errado.

2. Estrutura. O livro de Naum consiste numa série de três profecias distintas contra a Assíria, especialmente contra Nínive, sua capital. As três profecias correspondem aos três capítulos do livro:

-          O capítulo 1 contém uma descrição clara e marcante da natureza de Deus, especialmente de sua ira, justiça e poder, que tornam inevitável a condenação dos ímpios em geral, e a destruição de Nínive em particular.

-          O capítulo 2 prediz a condenação iminente de Nínive, e descreve, em linguagem vívida, como se daria o juízo divino.

-          O capítulo 3 alista, de modo breve, os pecados de Nínive, declarando que Deus é justo no seu juízo, e termina com um quadro do julgamento já executado.

3. Mensagem. Naum profetizou a destruição do império Assírio e de consolo para o povo de Deus, sabendo que Ele é soberano e que preserva a justiça no mundo.

A Assíria era a nação mais poderosa na terra. Orgulhosa de sua auto-suficiência e poderio militar, saquearam, oprimiram e mataram suas vítimas. Cem anos antes, Jonas pregara nas ruas da grande cidade de Nínive; o povo ouvira a mensagem de Deus e convertera-se do mal. Porém, nas gerações seguintes, o mal reinava novamente, e o profeta Naum pronunciou o juízo sobre esta nação má. Nínive é chamada de cidade sanguinária (Na 3:1) e cruel (Na 3:19), e os assírios são julgados por sua arrogância (Na 1:11), idolatria (Na 1:14), assassinatos, mentiras, traições e injustiças sociais (Na 3:1-19). Naum predisse que esta nação orgulhosa e poderosa seria totalmente destruída por causa dos seus pecados. O fim veio em 50 anos.

Neste juízo da Assíria e sua capital, Nínive, Deus julga um mundo pecador. E a mensagem é clara: A desobediência, a rebelião e a injustiça não prevalecerão, mas serão severamente castigados por um Deus justo e santo que governa sobre toda a Terra.

Portanto, qualquer pessoa que permaneça arrogante e resista a autoridade de Deus enfrentará sua ira. Nenhum governante ou nação escapará impunemente por rejeitá-lo. Nenhum individuo poderá se esconder de seu juízo. Contudo, aqueles que sempre confiarem no Senhor estarão seguros para sempre.

II. TOLERÂNCIA E VINDICAÇÃO


1. Vingança – “O Senhor é um Deus zeloso e que toma vingança; o Senhor toma vingança e é cheio de furor; o Senhor toma vingança contra os seus adversários e guarda a ira contra os seus inimigos” (Na 1:2).

Somente o Senhor tem o direito de ser zeloso e praticar a vingança (Dt 4:24; 5:9). Pode parecer surpreendente associar a Deus os termos ciúme e vingança. Quando os homens são ciumentos e tornam-se vingativos, normalmente agem com um espírito egoísta. Mas Deus tem todo o direito de insistir em nossa completa submissão, e é absolutamente justo que Ele castigue os malfeitores que não se arrependem. Seu zelo e vingança não são misturados com egoísmo, como no caso dos seres humanos. Seu propósito é remover o pecado e restabelecer a paz no mundo.

Nínive era uma metrópole ímpia, imperialista e desonesta, com um desejo arrogante e inescrupuloso pelo poder e pela dominação, que se manifestava num impiedoso desejo por guerras(Na 3:1-4). Além de seus feitos militares, Nínive foi condenada por suas práticas comerciais impiedosas e por seu materialismo insaciável (Na 3:16). Naum proclamou a sua mensagem da vingança e retribuição divinas contra essa cidade pecaminosa (Na 1:14; 3:5-7). Nenhum poder terreno que tenha desafiado a lei de Deus poderia escapar do seu julgamento.

Entretanto, o juízo não é a palavra final de Deus. O julgamento retributivo de Deus é também redentor, na medida em que estende seus propósitos de amor e suas promessas da aliança ao seu povo (Na 1:15; 2:2). Ele destrói as forças do mal com o propósito de criar um mundo novo de liberdade (Na 1:13), paz e conforto duradouro. Ele “conhece os que nele se refugiam” e os protege (Na 1:7).

2. Longanimidade – “ O Senhor é tardio em irar-se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente...” (Na 1:3). Deus é compassivo e “tardio em irar-se”, pois a longanimidade divina espera o arrependimento do pecador (Rm 2:4-6). Todavia, quando está pronto para castigar, até a terra treme. O Senhor não permitirá que o pecado fique isento de punição para sempre. Quando as pessoas perguntam por que Deus não castiga o mal imediatamente, devemos ajudá-las a compreender que se Ele agisse dessa maneira, nenhum de nós estaria aqui. Todos nós devemos ser gratos ao Senhor pela sua longanimidade, por dar tempo para que as pessoas se convertam a Ele.

III. O CASTIGO DOS INIMIGOS


1. Quem são os “inimigos”? Os assírios eram os principais inimigos. Aliás, qualquer nação que se opõe aos princípios estabelecidos por Deus, exarados em sua Palavra, é considerada inimigo de Deus.

Veja a expressão de Deus contra os seus inimigos: “Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá mais a voz dos teus embaixadores” (Na 2:13). Aqui é demonstrado que o próprio Deus colocou-se contra a Assíria, principalmente a sua capital Nínive. A brutalidade, crueldade e as atrocidades dos ninivitas eram de tal monta que o Todo-Poderoso lhes fez guerra. Já não havia mais oportunidade para o arrependimento! Agora, receberiam o suplício e a desgraça que os seus atos requeriam.

A Assíria e, principalmente, a sua capital, Nínive, é um exemplo para todos os governantes e nações do mundo hoje que desafiam os limites estabelecidos pelo Deus Todo-Poderoso. Ele é soberano até mesmo sobre aqueles que são aparentemente invencíveis. Podemos estar confiantes de que o poder e a justiça de Deus um dia vencerão todo o mal.

2. O estilo de Naum. Poético. Na curta profecia de destruição, Naum demonstra, por meio de linguagem poética e cheia de energia, que o Deus do povo a quem os assírios desprezavam era, na verdade, o artífice e controlador de toda a história humana. À sua justiça, até mesmo os maiores poderes terrenos devem se submeter em humildade e temor.

3. A consolação de Judá – “Assim diz o SENHOR: Por mais seguros que estejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais. Mas, agora, quebrarei o seu jugo de cima de ti e romperei os teus laços” (Na 1:12,13).

Naum consola o povo de Deus, Judá, declarando que o Senhor destruiria os filhos da Assíria. A notícia de sua iminente destruição foi um alívio para Judá, que estava sujeita à dominação assíria. Judá não seria mais forçada a pagar tributos como um seguro contra invasões. Judá estava contente por saber que Deus ainda se encontrava no controle. A queda de Nínive ocorreu em 612 a.C, quando foi conquistada por uma coalizão dos babilônios, medos e citas. Suas ruínas só foram identificadas em 1845.

4. A Mensagem de “Boas-Novas” - “Eis sobre os montes os pés do que traz boas-novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado”(Na 1:15).

Visto que Judá tinha assim sofrido por muito tempo sob a mão pesada da Assíria, a profecia de Naum a respeito da iminente destruição de Nínive era boas-novas. Naum escreveu como se a Assíria já tivesse sofrido a queda. Não haveria mais interferência por parte dos assírios; nada impediria os judeus de assistir ou de celebrar as festividades. Sua libertação do opressor assírio seria completa. Os assírios tramavam destruir Jerusalém e Judá, mas Deus não permitiria que tais planos fossem executados (veja Na 1:9).

Semelhantemente, os pregadores do Novo Testamento levam as boas-novas de libertação do poder de Satanás mediante a fé no Senhor Jesus Cristo (Rm 10:15). No tempo determinado, serão completamente destruídos o pecado, a enfermidade, a tristeza, o mundo e o próprio Satanás (ver AP 19-21).

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