Texto Básico: Filipenses 3:17-21
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3:18).
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula, veremos o zelo do pastor para com as suas ovelhas, pois o
verdadeiro pastor é aquele que protege o rebanho dos falsos mestres.
Paulo pregou a verdade e denunciou o erro; ele
promoveu o evangelho e combateu a heresia. Não fazia relações públicas
acerca da verdade para agradar as pessoas. Ele chamou os falazes mestres
de “inimigos da cruz de Cristo”. O seu zelo pastoral o levava às
lágrimas na defesa de suas ovelhas; ele se comovia ao perceber que algum
perigo as ameaçava. A preocupação do apóstolo era que os falsos
mestres(provavelmente judaizantes legalistas ou gnósticos) se
aproximassem dos crentes filipenses. Esses falsos mestres eram
considerados por Paulo "inimigos da cruz", pessoas que trabalhavam para
esvaziar o sentido da Cruz de Cristo. Ele pede aos crentes de Filipos
que lutem contra esses inimigos a fim de que não venham sucumbir na fé.
Esta advertência de Paulo deve ser levado a sério pela igreja na
atualidade, pois atualmente também muitos são os inimigos da cruz de
Cristo.
I. EXORTAÇÃO À FIRMEZA EM CRISTO (Fp 3:17)
“Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”(ARA).
1. Imitando o exemplo de Paulo (Fp 3:17a). Paulo
encoraja os crentes de Filipos a buscarem a semelhança de Cristo
seguindo o exemplo do próprio Paulo. Eles não deveriam seguir falsos
mestres ou os inimigos da cruz (Fp 3:18). Em vez disso, como Paulo
enfocava a sua vida em ser como Cristo, eles também deveriam fazer o
mesmo.
Devemos
estar cônscios de que Paulo jamais usaria de presunção para exortar os
crentes de Filipos nestes termos, haja vista que ele sempre enfocou
Jesus Cristo e rogou aos crentes para também seguirem o exemplo de
outros que seguiam a Cristo. Portanto, Paulo rogou que os filipenses o
imitassem como um guia prático de conduta. Na verdade, Paulo
considerava-se receptor da misericórdia de Deus, cujo propósito era ser
“padrão” para os demais cristãos. Ele era um paradigma para os crentes
tanto na questão da doutrina quanto na questão da ética. Ele era modelo
tanto na teologia quanto na vida. Seu ensino e seu caráter eram
aprovados. Sua vida confirmava sua doutrina, e sua doutrina norteava a
sua vida. Assim, toda sua vida depois da sua conversão foi dedicada à
tarefa de apresentar aos outros um esboço do que o cristão deve ser.
Deus
salvou Paulo com a finalidade de mostrar ao mundo, pelo exemplo de sua
conversão, que o que fez na vida dele também pode e fará na vida de
outros. Você pode fazer o mesmo? Você está servindo de exemplo para
aqueles que foram salvos pela graça de Deus? Que tipo de seguidor um
novo cristão se tornaria se ele lhe imitasse?
2. O exemplo de outros obreiros fiéis (Fp 3:17b). “...observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós”. Aqui,
Paulo está reconhecendo o valor da influência testemunhal de outros
cristãos, cujas vidas eram baseadas na dele (aqueles crentes maduros
mencionados em Fp 3:15). Isso faz referência a quaisquer outros que
experimentassem a mesma qualidade de vida que Paulo. Em fim, os cristãos
de Filipos deveriam observar a conduta dos fieis cristãos, tal como a
de Timóteo, Epafrodito e outros, e aprenderem com eles, a fim de não se
desviarem da fé. É claro que hoje temos o nosso compêndio doutrinário, o
Novo Testamento, disponível à igreja. É dele que advém todas as
diretrizes para que andemos como filhos e santos de Deus. Ele é
infalível e imutável em seus ensinos. Ele é a bússola que nos conduz ao
destino certo.
II. OS INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO (Fp 3:18,19)
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.
“O
fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é
para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas”.
1. Os inimigos da cruz de Cristo(Fp 3:18). Assim
como em Filipenses 3:17 o apóstolo Paulo diz a quem os crentes devem
seguir, no versículo 18 diz a quem não devem seguir. O apóstolo não
identifica quem são esses inimigos da cruz de Cristo. Não diz se eram os
falsos ensinadores judeus mencionados em Fp 3:2 ou se eram ensinadores
que se diziam cristãos, mas transformavam a liberdade em licenciosidade e
se serviam da graça como pretexto para pecar.
Paulo
havia alertado os cristãos acerca desses falsos mestres, agora o faz
outra vez, “até chorando”. Por que ele chorou ao fazer tão grande
denuncia? Por causa do mal que esses falsos mestres causaram às igrejas
de Deus. Por causa do opróbrio que trouxeram ao nome de Cristo. Por
causa das vidas que arruinaram. Porque estavam ofuscando o verdadeiro
significado da cruz. Sim, e também porque o verdadeiro amor chora quando
denuncia os “inimigos da cruz de Cristo”, assim como o Senhor Jesus
chorou pela cidade de Jerusalém.
2. ”O deus deles é o ventre” (Fp 3:19a). A expressão "o deus deles é o ventre" denota aqueles que adoram a carne através das práticas sensuais desenfreadas. Os “inimigos da cruz” viviam o aqui e o agora, e jamais pensavam na eternidade – “comamos e bebamos que amanhã morreremos”.
Esta postura visava destruir o Evangelho e todo o progresso dele na
vida dos filipenses. Além de sensuais, os falsos mestres invalidavam a
suficiência da cruz de Cristo com suas atitudes degradantes e sem
quaisquer escrúpulos. Paulo diz que para eles, não há outro destino, se
não, o da perdição eterna, ou seja, a separação eterna de Deus, que é a
segunda morte.
Segundo
o rev. Hernandes Dias Lopes, os “inimigos da cruz de Cristo” vivem
encurvados para o próprio umbigo. “Ventre”, neste versículo, vem da
palavra “koilia”, que pode significar "útero" ou "umbigo". Assim
sendo, Paulo pode estar simplesmente comentando o egocentrismo deles.
Portanto, tudo quanto faziam era fixar os olhos no próprio umbigo. O
deus deles eram eles mesmos. A vida deles eram centrada neles mesmos.
Eram adoradores de si mesmos. Em vez de procurar manter seus apetites
físicos sob controle (Rm 8:13; 1Co 9:27), compreendendo que nosso corpo é
o templo do Espírito Santo, no qual Deus deve ser glorificado (1Co
6:20), essas pessoas se entregavam à glutonaria e à licenciosidade".
3. “A glória deles é para confusão deles mesmos” (Fp 3:19b). Os
“inimigos da cruz de Cristo” se gloriavam de coisas das quais deviam se
envergonhar: sua nudez e seu comportamento imoral. Eles escarneciam da
virtude e exaltavam o opróbrio. Ao mal, chamavam bem, e ao bem, mal;
faziam das trevas luz, e da luz, trevas; colocavam o amargo por doce, e o
doce, por amargo (Is 5:20). Eles não apenas levavam a bom termo seus
maus desígnios, mas ainda se vangloriavam disso. A glória desses falsos
mestres era para “confusão deles mesmos”. A recompensa deles era fugaz. A
decepção deles era certa. A ruína deles era veloz.
4. “que só pensam nas coisas terrenas”(Fp 3:19c). Para
os “inimigos da cruz”, as coisas importantes da vida eram comida,
vestimenta, honras, conforto e prazer. Comportavam-se como se fossem
viver sobre a terra para todo o sempre. Esta história se repete
atualmente. Concordo com o rev. Hernandes Dias Lopes ao dizer que
“muitos líderes religiosos, sem temor, têm-se empoleirado no púlpito,
usando artifícios e malabarismos, com a Bíblia na mão, arrancando
dinheiro das pessoas, fazendo promessas que Deus não faz em Sua Palavra.
Esses obreiros fraudulentos, sem nenhum escrúpulo, mercadejam o
evangelho da graça, para alimentar a sua ganância insaciável. Hoje, a
religião, para muitos, tem sido um bom negócio, uma fonte de lucro, um
caminho fácil de enriquecimento. O mercado da fé tem produto para todos
os gostos. A oferta é abundante. A procura é imensa. A causa é a
ganância. A consequência é o engano. O resultado é a decepção. O fim da
linha é o inferno”.
III. O FUTURO GLORIOSO DOS QUE AMAM A CRUZ DE CRISTO (Fp 3:20,21)
“Mas
a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser
conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar
também a si todas as coisas”.
O
apóstolo Paulo, depois demonstrar o seu zelo pastoral, alertando acerca
dos “inimigos da cruz de Cristo”, lança o seu olhar rumo ao futuro e
destaca três gloriosas verdades que são as âncoras de nossa esperança.
1. O Céu é a nossa Pátria - “Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp 3:20). O
Céu é um lugar e um estado. É o lugar da morada de Deus e da sua Igreja
resgatada, e um estado de bem-aventurança eterna, onde jamais entrarão a
dor, a lágrima, o luto e a morte. Enquanto os falsos
mestres tinham os seus pensamentos voltados aos assuntos terrenos (Fp
3:19), os crentes deveriam desejar fervorosamente o seu Lar.
Na
época em que a epístola foi escrita, Filipos era uma colônia de Roma
(At 16:12). Desta feita, aqueles que moravam em Filipos tinham a sua
cidadania romana, embora a maioria dos filipenses jamais tivesse estado
na cidade de Roma. A cidadania romana era altamente estimada à época de
Paulo. Os cristãos em Filipos, tão orgulhosos de sua cidadania romana
(At 16:20,21), deveriam ter valorizado ainda mais a sua cidadania nos
céus, onde o Senhor Jesus Cristo vive. Os crentes deveriam ter
considerado a si mesmos como “peregrinos”, vivendo temporariamente em um
pais estrangeiro, com o seu Lar em outro lugar. Um dia eles iriam
experimentar todos os privilégios especiais de sua cidadania celestial,
porque Cristo iria voltar como seu Salvador. Os crentes estão esperando o
Salvador voltar do Céu para a Terra, em sua segunda vinda. Enquanto
estavam na Terra, os crentes eram cidadãos de seu país (os filipenses
eram cidadãos de Roma, estando, portanto, sob o governo de César);
contudo, a lealdade absoluta deveria ser dedicada ao único Salvador
verdadeiro, o Senhor Jesus Cristo, que governa nos céus, onde todos os
crentes possuem a sua cidadania definitiva.
Somos peregrinos neste mundo,
não somos daqui. Nascemos de cima, do alto, de Deus. O Céu é a nossa
origem e também o nosso destino. O nosso nome está arrolado no Céu (Lc
10:20), está registrado no livro da vida (Fp 4:3). É isso que determina
nossa entrada final no país celestial (Ap 20:15).
Por causa da expectativa de
habitar em uma cidade superior, Abraão contentou-se em viver em uma
tenda (Hb 11:13-16). Por causa da expectativa da recompensa do Céu,
Moisés dispôs-se a abrir mão dos tesouros do Egito (Hb 11:24-26). Por
causa da esperança de vivermos com Cristo no Céu, devemos buscar uma
vida de santidade hoje (1Jo 3:3).
2. A segunda vinda de Jesus é a nossa esperança - “donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”. A
igreja é a comunidade da esperança. Somos um povo que vive com os pés
no presente, mas com os olhos no futuro. Vivemos cada dia na expectativa
da iminente volta de Jesus. Cada geração sucessiva da Igreja desfruta o
privilegio de viver como se fosse a geração que haverá de saudar o
retorno de Cristo. A esperança do regresso de Cristo tem poder
purificador: “E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”(1João 3:3).
3. A glorificação é a nossa certeza inequívoca - “Que transformará o nosso corpo abatido” (Fp 3:21). Quando
o Senhor vier da Sua glória, do Céu, Ele transformará nosso corpo.
Quando a trombeta de Deus soar, e Cristo vier com o Seu séquito de
anjos, acompanhado dos santos glorificados, os mortos em Cristo
ressuscitarão com corpos imortais, incorruptíveis, gloriosos, poderosos e
celestiais (1Co 15:43-56). Os vivos, nessa ocasião, serão transformados
e arrebatados para encontrar o Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor (1Ts 4:13-18). Nosso corpo de humilhação,
sujeito à fraqueza, à enfermidade e ao pecado, será revestido da
imortalidade e brilhará como o sol no seu fulgor, brilhará como as
estrelas no firmamento, e será um corpo tão glorioso quanto o corpo da
glória de Cristo. Seremos "...conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29). O nosso corpo será semelhante ao corpo da glória de Cristo - "Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é" (1João 3:2b); seremos “conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp 3:21).
Porventura
existe ou existirá uma promessa tão gloriosa e maravilhosa com esta? E
ainda tem pessoas, que se dizem cristãs, que trocam tudo isso por coisas
efêmeras desta vida. É simplesmente pasmoso!
omparar com a glória que em nós há de ser revelada (Rm 8:18). Amém?
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